SHERNO ou memórias da guerra na Guiné

 

A BRUXELIM E A CANGÚRU

 

        

 

estinaram-me a cama que ficava logo à entrada na parte debaixo. Por cima dormia o Cuxixo.

         Na manhã do segundo dia, por volta das 5 h 30, estava eu no último reforço quando vejo aproximar-se a Bruxelim, que tinha fama de feiticeira. Disse-me que queria entregar a roupa lavada ao Maneiras. Indiquei-lhe a minha cama e disse-lhe para a deixar lá em cima, que quando ele acordasse eu entregava-lha. Ela insistiu, dizendo que lhe queria pedir dinheiro para o sabão.

         - Está bem disse eu.

         Entra e acorda-o, que ele está a dormir lá ao fundo, na cama de cima.

         Dito isto comecei a dar mais uma volta ao abrigo com a arma em bandoleira. O dia começava a nascer com todo o seu esplendor, transmitindo calma e paz interior e o sol radioso a querer romper do horizonte africano.

         Como não a via sair, fui ver o que se passava e qual não foi o meu espanto quando vejo o Maneiras a fornicar a Bruxelim na minha própria cama. Os outros estavam na bicha, de pau-feito à espera de vez, excepto o Cuxixo que não quis.

         Voltei-me para eles e disse:

         - Porra pá! Foram logo escolher a minha cama.

         O Atamã respondeu logo:

         - Cala-te e não faças ondas, porque ela leva os lençóis para lavar. Põem-te na bicha que estás a seguir.

         Disse que não queria porque a gaja era feiticeira e ainda me podia fazer algum bruxedo ao pénis, para que ele nunca mais se endireitasse. Dito isto, eles riram e eu saí cá para fora.

         Passados momentos saiu a Bruxelim, toda empenada ou "consolada". Pudera depois de ter aviado seis latagões, devia ter ficado, feita num oito.

         E lá foi ela com a roupa debaixo do braço para lavar, incluindo os meus lençóis. Mas havia de voltar muitas mais vezes.

         Embora não fosse mulher de grande físico aguentava-se bem sem dar um ai e tudo levava a crer que gostava da fruta ... porque queria sempre mais.

         No dia seguinte à mesma hora apareceu a Cangurú. Aproximou-se de mim e disse:

         - Scherno mim querer dar o roupa ao Zé Báu-Báu (o picha de aço).

         Mandei-a entrar e pus-me logo à defesa com a minha cama. Sorrateiramente, vi o Zé Báu-Báu a levantar-se da cama que ficava ao fundo, por baixo da do Pantaleão. Depois suavemente, tirou-lhe a saia, ficando ela com a "catota" completamente à mostra. Ajudou-a a deitar e em fracções de segundos ele aí estava nas nuvens e em alto fornicanço ... a coisa tornava-se mais fácil porque elas não usavam cuecas.

         O Pantaleão saltou logo do beliche de cima e impaciente começou a bater nas costas do Zé Báu-Báu, para que se despachasse, seguindo-lhe o Fernando, o Atamã, o Maneiras e por último o Marquês. Excepto eu, que não tive interesse, e o Cuxixo que ultimamente andava indiferente e muito pensativo, alheio a tudo o que se passava à sua volta.

         O ambiente era bom e agradável e quase todas as manhãs se transformava num autêntico "Bataclam", graças às boazonas da Cangurú e da Bruxelim.

         A Huana e a Danka iam lá quase todos os dias ao fim da tarde, para me entregarem a roupa lavada e levarem a suja.

         Acontece que os outros começaram a ficar com os olhos tortos com a beleza delas, principalmente o Zé Báu-Báu que era o mais atrevido. Insistiram comigo para as fazer ir de manhã, em vez de tarde.

         - Respondi-lhes que já lhes tinha tocado no assunto mas que elas se recusaram, dizendo que àquela hora não lhes dava jeito.

         Eles, que de parvos não tinham nada, não engoliram e disseram que eu as queria só para mim, sem ao menos dar uma oportunidade aos amigos para participar nos fornicanços, uma vez que sabiam que eu passava muito tempo junto delas na tabanca.

         Cansaram-se de insistir, depois como viram que eu não cedia, mudaram a conversa para a Quintas, que era a lavadeira do Cuxixo,  que muitas das vezes também vinha pela manhã, e eles andavam mortinhos por lhe dar uma trincadela. Já tinham tentado por diversas vezes, mas nunca tiveram direito a nada.

         Incumbiram-me a mim a tarefa de lhe conseguir dar a volta. Só que passámos a andar desencontrados, porque quando ela vinha pela manhã, eu estava a dormir e os outros já nem tentavam, porque já sabiam que ela não dava.

         Eles não desistiam e sabiam que a única chance que tinham de lhe saltar p'rá catota era eu, uma vez que ela até simpatizava comigo. E como eu nunca lhe tinha tocado no assunto,  havia fortes possibilidades de a levar.

         O Atamã vendo que a coisa assim não resultava, propôs que eu voltasse a fazer novamente o último reforço, tal como fiz na primeira semana.

         Os restantes concordaram e eu acarretei com a responsabilidade de meter à prova os meus dotes de Don Juan.

         A Quintas tinha tudo a aboná-la: era bonita, com uma silhueta escultural, deslumbrante, seios direitos e firmes, como se fossem de pedra mármore e muito jovem, com uma idade idêntica à nossa, talvez vinte ou vinte e um anos.

         Até que se passaram três dias e da Quintas nem sombras. Voltámos a insistir com o Cuxixo para a forçar a vir de manhã e o Cuxixo já cheio das nossas persistências dizia:

         - Que sim, que sim, que já estava farto de lhe dizer e farto de nós também, por estarmos sempre a falar no mesmo assunto.