SHERNO ou memórias da guerra na Guiné

 

O VALOROSO E INESQUECÍVEL ALFERES SECO CAMARÁ

 

        

 

oi com grande mágoa e com uma infinita tristeza, que recebi a notícia de que o alferes de 2.º linha Seco Camará foi morto em combate, lutando ao lado da companhia que nos foi render.

         Se foi verdade desejo paz e glória à sua santa alma ... porque ele foi um grande e glorioso Homem valente, humilde e de uma simpatia fora de comum.

         Era alto e de boa constituição física, aparentando ter talvez 37 ou 40 anos, de pele negra retinta. O que se podia chamar um verdadeiro preto da Guiné.

         Pertencia à raça Biafada e abraçava a religião Muçulmana, tinha doze mulheres e um rebanho de filhos a quem se dedicava de corpo e alma e com quem passava  a maior parte da sua vida.

         A sua figura era tão marcante e respeitada, que alguém escreveu em nome de todos nós no último jornal "Os Dragões de Jabadá" de 20/10/70, o seguinte artigo:

 

        O Alferes de 2.º linha Seco Camará, comandante do pelotão de milícia foi sem dúvida um elemento que contribuiu imenso para o prestigio da Companhia. Homem experiente, competente, humilde, calmo, corajoso, inteligente, possuidor de todas as características dum grande chefe. Comanda o seu pelotão eficientemente, andar com ele no mato, é sinónimo de segurança. Bom pistoleiro, o menor ruído é logo escutado, a sua serenidade é extraordinária, e quando há “festa”, Seco Camará faz do difícil, fácil.

        Mas a acção deste chefe não é apenas militar Os problemas graves da população são todos resolvidos por ele, mercê  dum somatório de qualidades, difícil de igualar.

        Fica para sempre gravada na nossa memória a figura de Seco Camará, e ele bem pode servir de exemplo para todos nós.

        Seco, por tudo quanto fez por nós, um MUITO OBRIGADO.

        Não sei quem escreveu estas bonitas palavras, mas de uma coisa tenho eu a certeza ... escreveu aquilo que todos nós sentíamos pelo grande homem que foi ... Seco Camará ! ...