O BAILARINA E A JIBÓIA

alferes Samaritano cada vez mais ignorava os pedidos que eu lhe fazia, para me mudar de abrigo e eu por minha vez desisti de lhos fazer.

                         Numa bela tarde saímos para fazer o reconhecimento no mato, e como sempre o calor era intenso, conforme o Sol nos ia torrando, o suor escorria-nos pelo rosto e pelo corpo a baixo.

         Nessa tarde caminhávamos como sempre em fila indiana e sempre atentos aos pés do da frente. Entretanto, deparámos com um monte de baga-baga construído pelas formigas, só que enrolada e esse monte estava uma enorme jibóia preta.

         Os que iam à minha frente, que deviam de ser dez ou quinze, passaram todos quase a roçar-lhe. O pior foi quando chegou a minha vez e ela levantou a cabeça investindo para a frente tentando morder-me. Comecei a dançar, ao mesmo tempo que hesitava, se devia ou não passar. Até que me decidi e dei a volta por detrás do monte. Os outros acabaram por me imitar, fazendo o mesmo inclusivamente dançar, entre eles o alferes Samaritano, que seguia logo atrás de mim.  A coisa passou e lá nos voltámos a reagrupar.

         Quando chegámos ao quartel o alferes desatou a gritar comigo, dizendo que eu parecia uma bailarina, sem pensar no perigo de alguém pisar uma mina.

         Eu respondi-lhe:

         - Quer dizer, todos se desorientaram e todos acabaram por dançar, incluindo o senhor que seguia logo atrás de mim. E eu é fico com a fama de bailarina.

         Ele insistia no mesmo, até que eu lhe disse:

         - Está bem, chame-me o que quiser que eu pouco me importo.

         Ele ficou furioso e eu acabei por lhe virar as costas e seguir em direcção ao abrigo.