SHERNO ou memórias da guerra na Guiné |
INTRODUÇÃO
‘’A fama da Guiné cedo alastra entre as fileiras portuguesas. Esta torna-se no último dos indesejáveis destinos africanos de qualquer militar. Ser-se destacado para a Guiné tem, por si só, o peso de uma punição. É uma condenação a dois anos de apodrecimento, em condições piores do que as de um cárcere e com maior risco de o regresso se fazer na posição horizontal, entre tábuas. Na verdade, desde o início que o número de baixas das forças portuguesas é percentualmente maior na Guiné do que nos outros teatros de operações em África. Segundo dados oficiais, em 1963, por exemplo, registam-se aqui 6,16 mortos em combate por cada mil dos efectivos estacionados, enquanto em Angola esse valor é de 2,21. No ano seguinte, já com a guerra de Moçambique em pleno desenvolvimento, esse número é de 4,16 na Guiné, contra 1,41 em Angola e 2,79 na nova frente de combate. E em 1966 será, respectivamente, de 5,08, 1,49 e 3,18.’’
(In) Guiné: O Dominó Insubstituível
Os Anos da Guerra
Introdução Histórica
Extrecho de Joaquim Vieira