SHERNO ou memórias da guerra na Guiné

 

EPÍLOGO

 

o dia 28 de Dezembro de 1970 fiz jura que só voltaria a pegar numa arma em caso de extrema necessidade. Para defender a minha própria vida ou a dos meus familiares.

            Hoje passados trinta anos, felizmente nunca houve necessidade ... nem para fazer tiro ao prato, e peço a Deus para que assim seja, até ao fim dos meus dias, para que nunca quebre o juramento.

            Odeio a guerra e todos aqueles que a fomentam com o intuito de enriquecer, destruindo e arrasando tudo por onde passam, matando e destroçando tanta gente inocente, principalmente crianças e idosos, que são sempre as maiores vítimas.

            Ao terminar quero agradecer ao bom povo guineense, que para mim foi, é e sempre será, o segundo melhor povo do mundo, que me ajudou nos momentos mais difíceis da minha vida, sem olharem a raças, cores, ou etnias.

            Povo este que eu amo, admiro e que soube lutar pela sua Pátria.

            Nós chamávamos‑lhes "turras" e eles chamavam‑nos invasores "tugas". Eles lutaram por uma causa justa e nós porque fomos obrigados.

            Posso garantir que os portugueses não são, nem nunca foram racistas. E até muito pelo contrário, sempre se entenderam maravilhosamente bem com todos os povos Africanos.

            Resta‑me pedir desculpa a todos aqueles que ofendi sem intenção. Juro que foi sem ódios nem rancores, e que hoje recordo com emotiva saudade.

            Peço também desculpa a todos aqueles que ao longo deste livro citei como inimigos. Porque o que passou, passou, e já não volta mais. Infelizmente a vida é curta e não nos deixa tempo para voltarmos a repetir certos momentos agradáveis, e até desagradáveis que gostávamos de voltar a viver.

            Felicidades para todos aqueles que como eu, regressaram ao seio familiar, livres do pesadelo da guerra, e que puderam sem traumas e sem doenças, voltar a refazer a vida normal.

                                          

                                               Os acontecimentos os locais, e as datas

                                               são verídicos, apenas se tendo alterado

                                               os nomes das personagens e intervenientes,

                                               para manter o anonimato.

 

                                               A linguagem as palavras e as imagens

                                               utilizadas, são espontâneas tal e qual

                                               as que, nós, combatentes, dizíamos e

                                               usávamos na época.